Estilos Musicais de F - L

Frevo

O frevo é um ritmo musical e uma dança brasileiros com origens no estado de Pernambuco, misturando marcha, maxixe e elementos da capoeira.
Surgido na cidade do Recife no fim do século XIX, o frevo caracteriza-se pelo ritmo extremamente acelerado. Muito executado durante o carnaval, eram comuns conflitos entre blocos de frevo, em que capoeiristas saíam à frente dos seus blocos para intimidar blocos rivais e proteger seu estandarte.
Pode-se afirmar que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira, feita para o carnaval. Os músicos pensavam em dar ao povo mais animação nos folguedos. No decorrer do tempo, a música ganhou características próprias acompanhadas por um bailado inconfundível de passos soltos e acrobáticos.

dançarinas de frevo

Funk

Funk (também conhecido como soul funk ou funk de raíz) é um estilo bem característico da música negra norte-americana, desenvolvido a partir de meados dos anos 1960 por artistas como James Brown e por seus músicos, especialmente Maceo Parker e Melvin Parker, a partir de uma mistura de soul music, soul jazz, rock psicodélico e R&B.
O funk pode ser melhor reconhecido por seu ritmo sincopado, pelos vocais de alguns de seus cantores e grupos (como Cameo, ou os Bar-Kays). E ainda pela forte e rítmica seção de metais, pela percussão marcante e ritmo dançante. Nos anos 70 o funk foi influência para músicos de jazz (como exemplos, as músicas de Miles Davis, Herbie Hancock, George Duke, Eddie Harris entre outros).


Indígena

Os povos indígenas do Brasil perfaziam juntos na época de Cabral cerca de 5 milhões de almas. Desde lá a população total declinou violentamente em função do patético choque contra a cultura portuguesa, que resultou em massacre, escravização e aculturação em larga escala dos índios. E com essa devastação muitas tradições se perderam de forma irreversível. Apesar disso, no que tange à sua música ainda há um enorme campo a ser estudado e compreendido pelo branco, que começa a demonstrar respeito real pelos seus irmãos autóctones apenas há pouco tempo, apesar de bulas papais, conclusões filosóficas e debates morais de longa memória que denunciavam e condenavam os abusos desde os primeiros tempos da Descoberta.
A música indígena tem recebido alguma atenção do ocidental desde o início da colonização do território, com os relatos de Jean de Léry sobre alguns cantos tupinambá, em 1558, e de Antonio Ruíz de Montoya, cujo extenso léxico inclui um universo de categorias musicais do guarani antigo. Estudos recentes têm-se multiplicado a partir do trabalho de pesquisa de Villa Lobos e Mário de Andrade no século XX, e hoje a música indígena é objeto de estudo e interesse de muitos pesquisadores de todo o mundo, que têm trazido à consciência do homem branco uma pletora de belezas naturais da terra.
Alguns grupos foram contactados de imediato pelos Jesuítas desde o século XVI, foram fixados na terra pela criação das Missões ou Reduções, e ali contribuíram ativamente, como instrumentistas, cantores e construtores de instrumentos, para criar uma fascinante e original cultura musical, embora toda nos moldes europeus e infelizmente conhecida apenas através de relatos literários. Este porém foi um fenômeno isolado, e não é central a este artigo, e tampouco as manifestações híbridas folclóricas nascidas nas regiões de contato entre índio, branco e negro.
Ao contrário do que se poderia supor, a tradição musical indígena não é um objeto de antiquário, é algo vivo e sempre em mutação, sendo constantemente praticada e renovada, incorporando até mesmo material não-índio, ainda que mantenha seus valores e formas essenciais preservados, e é uma vitrine de suas visões de mundo, cristalizadas em formas sonoras.

dança indigena

Jongo

Jongo é uma manifestação cultural essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo.
Inserindo-se no âmbito das chamadas 'danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o 'Semba' ou 'Masemba' de Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros bantu, sequestrados nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos ('amarrados') , o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens mais remotas (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado Jinongonongo. Uma característica essencial da linguagem do Jongo é a utilização de símbolos que, além de manter o sentido cifrado, possuem função supostamente mágica, provocando, supostamente, fenômenos paranormais. Dentre os mais evidentes pode-se citar o fogo, com o qual são afinados os instrumentos; os tambores, que são consagrados e considerados como ancestrais da comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro, que remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido é inacessível para os não-iniciados.

Lundu

O lundu surgiu da fusão de elementos musicais de origens branca e negra, tornando-se o primeiro gênero afro-brasileiro da canção popular. Realmente, essa interação de melodia e harmonia de inspiração européia com a rítmica africana se constituiria em um dos mais fascinantes aspectos da música brasileira. Situado, pois, nas raízes de formação dos nossos gêneros afros, processo que culminaria com o advento do samba, o lundu foi originalmente uma dança sensual praticada por negros e mulatos em rodas de batuque, só se fixando como canção no final do século XVIII. Assim, a referência mais remota encontrada sobre o lundu-música está na Viola de Lereno, coletânea de composições de Domingos Caldas Barbosa, publicada em Portugal em 1798.
Composto em compasso binário e na maioria das vezes no modo maior, o lundu é uma música alegre e buliçosa, de versos satíricos, maliciosos, variando bastante nos esquemas formais. Muitos de nossos compositores populares do século XIX fizeram lundus, pertencendo a esse repertório peças de grande popularidade como Lá no Largo da SéLundu da Marrequinha (Francisco Manoel da Silva, autor do Hino Nacional, e Francisco de Paula Brito), Eu Não Gosto de Outro Amor (Padre Teles) e Onde Vai, Senhor Pereira de Morais
Mas o grande nome do lundu só surgiria no final do século XIX na figura do ator, cantor e compositor baiano Xisto Bahia (1841-1894), mais afamado do que Laurindo Rabelo (1826-1864), o (Domingos da Rocha Mussurunga). Poeta Lagartixa, também cultor do gênero que o antecedeu nas rodas musicais do Rio de Janeiro. São de Xisto Bahia os lundus O Camaleão, Canto de Sururina, O Homem, O Pescador, A Preta Mina e o célebre Isto É Bom, música gravada no primeiro disco brasileiro. Com o aparecimento de outros gêneros afro-brasileiros mais expressivos, o lundu saiu de moda no começo do século XX.

Lundu dançado pelos negros - Rugendas, 1835

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